Guia supostamente definitivo de SEO

9 de agosto de 2021 1 Por Leandro Marçal

Não quero confundir o leitor. SEO é a sigla para Search Engine Optimization. Em português: Otimização para Mecanismos de Buscas. Em bom português: um sambarilove internético para os textos furarem fila nas buscas do Google. Não quero confundir a leitora. Essa é a vocação do SEO, não a minha.

SEO aqui não é o antiquíssimo jeito popular de abreviar o respeitoso “senhor”: seo João, seo Carlos (dá no mesmo que seu João, seu Carlos). Também não tem nada a ver com CEO, sigla de Chief Executive Officer. Em português: Diretor Executivo. Em bom português: o mandachuva da firma, o chefão da empresa.

Prometo jamais usar as tais técnicas de SEO nas minhas crônicas. Juro que nunca recorri a essa prática. Elas só são mal escritas por pura inabilidade, não pela ânsia de ranquear bem no Google, como diz a turma do sapatênis. Porque é assim: seu texto pode ser uma porcaria, cheio de erros grosseiros, incoerente, desgraçadamente péssimo, repetitivo e enrolando ao máximo para segurar o tolo internauta pelo máximo de tempo possível na página em questão. Se for um dos primeiros a aparecer nas buscas, está tudo bem.

Palavra-chave é a palavra-chave. Quanto mais você repete a palavra-chave, mesmo que o excesso de palavra-chave torne a leitura desse monte de palavra-chave uma inconveniência capaz de sangrar olhos treinados, mais feliz ficará o SEO. Anunciantes vão agradecer o aumento de cliques e a caixa registradora fará aquele barulho característico. A todo custo.

Tomemos como exemplo um texto sobre bunda. Com foco em SEO, como dizem. Bunda, estou falando de bunda. É bunda, mesmo. Bumbum para os mais envergonhados. Isso, bunda. Sempre que possível, tenha bundas, muitas bundas. No texto, é claro: só é possível ter uma bunda por encarnação. O ideal é escrever uma bunda por parágrafo. Se possível, até dois pares de nádegas já no título: “Modelo elogia bumbum de jogador na web: ‘Bunda boa, hein?’” ou “Por que bunda abunda?”. Não importa. Sempre haverá um bundão para encher os olhos de lágrimas pelas repetições desnecessárias para o bom senso, mas admiráveis para fins de SEO.

Para quem trabalha com textos, há uma infinidade de manuais definitivos para aprender a aplicar técnicas de SEO. Em bom português: lições para desaprender a escrever decentemente. Mas se o seu “conteúdo” bombar no Google, nada mais importa. E todas as aspas nesse tipo de “conteúdo” serão poucas.

Querido leitor confuso, amada leitora encucada: quando se depararem com um amontoado de palavras oferecendo soluções mágicas para seus problemas, sem ao menos uma escrita decente e respeito ao nosso idioma, nem adianta se irritar. Será tarde. Seu clique é valioso. O senhor SEO é a prisão cômoda, de onde muitos redatores da internet não fazem questão de fugir.