Ao amigo Leandro Marçal!*

12 de agosto de 2019 1 Por Leandro Marçal

*Recebi a carta abaixo da Maria Bernadete Bernardo. Essa queridíssima amiga foi da minha sala no Curso de Escrita Criativa da Secult de Santos. Sua gentileza e atenção ao ler meu livro No caminho do nada (Kazuá) é uma honra. Assim também é o convívio e a leitura de seus textos. Maria Bernardete Bernardo é autora de Primeiros Versos (Editora Recanto das Letras). Quem tiver interesse em adquirir um, pode chamar por aqui ou pela página do blog no Facebook.

Quando adquiri seu livro No caminho do nada, li umas duas páginas e, por estar envolvida com outras leituras (faço parte de dois Clubes de leitura), resolvi guardar o livro para fazer uma leitura mais adiante, mais atenta.

Semana passada, creio que na quinta (08/08), pensei: agora é a vez deste livro.

Gostei muito desse seu romance/contos, posso assim chamá-lo? O narrador/protagonista Marcelo está profundamente insatisfeito. Se sente inadequado, desencaixado no mundo. O humor ou a falta dele é bem marcado, a narrativa dispara, achei sensacional.

Ele é machista, mal-humorado e medroso, vejam estas falas: …quebrei minhas duas regras: não saia dois finais de semana consecutivos para criar vínculo afetivo, mas voltava a manter contato com as mesmas mulheres após três meses, tempo suficiente para elas sentirem saudades do meu sexo e assim eu conseguir uma noite e nada mais quando bem entendesse. (pág. 28).

… relacionamentos são como o mercado de trabalho. Entre currículos e o emprego dos sonhos, fazemos o possível para ganhar a vida, pagar as contas e não morrer de fome. Há experiências, estágios e alguns empregos indesejáveis. Com Camila, nunca passei de autônomo na cama e nos bares. (pág. 30).

No capítulo seis, notei um aprofundamento na linguagem, parece que o narrador entrou em transe.

Achei-o muito vazio de sentimentos, muito duro com a mãe, tudo bem que ela não fora uma boa mãe, ainda assim, achei o seco demais com ela. Sofrimento para ambos.

Nunca me preocupei com o que acontece quando os aparelhos desligam. Não orei ou pedi nada aos céus e nem o que faria se acreditasse. Por minha mãe, não. (pág. 78).

Ainda bem que surgiu no espelho a imagem dele mesmo a dar broncas e também a terapia.

Parabéns Leandro pela sua escrita. Desejo “um caminho de tudo”, longo e de muito sucesso.

A gente se por ai, abração!

Maria Bernadete Bernardo, além de grande amiga, é autora de Primeiros Versos, seu primeiro livro de poemas.