A gente não morre disso*

17 de janeiro de 2019 0 Por Leandro Marçal

*por Diego Brígido

Pé na bunda, ressaca e insônia. A gente não more disso. Desemprego, esporro e vergonha. A gente não morre por isso. Mentirosos, babacas e escrotos. A gente não morre deles. Às vezes a vida acorda estranha. E a gente não morre disso. A gente não morre da espera. De ciúme. De sono. De culpa. A gente não morre. Nem de desgosto. Para de tanto drama, a vida está seguindo lá fora. Levanta já dessa cama, o mundo não para quando você chora. Chora, pode chorar. Dorme, pode dormir. Mas a vida não vai parar. E, afinal, você não morre disso. Sofre, o sofrimento faz parte. Xinga, o palavrão é uma arte. A arte de por pra fora, de sofrer no agora. Mas nao arraste essa dor porta afora, não inunde a vida de pranto. Pra que sofrer tanto? Você não vai morrer disso. Se morre de morte matada e se morre de morte morrida. Ninguém morre de vida sofrida. Sofre, chora, grita. Faz parte. O problema é que sofrer é fácil. E vicia. E se arrasta. E quando você vê já está sofrendo de novo. E a vida passou. Chifre, bacanal e cheque especial. A gente não morre disso. E há quem sofra por isso. Levanta já dessa cama. Vive, abraça, ama. Depois você pode morrer. E nem assim você morre. Disso!